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Descartáveis

sábado, 9 de julho de 2011


Comecei a interpretar as pessoas do meu jeito. Simulando destinos, transformei-os em personagens. É mais fácil lidar com pessoas quando não ficamos imaginando o que elas vão pensar. É como um livro, eu sou a autora, e assim vou dando rumo aos meus personagens. 
Alguns sentimentos antes recriminados afloraram-se, outros tão expressados morreram. Não por mim, mas pelos outros. A minha visão antes distorcida, hoje só vê-los sem graça. Não me emocionam mais como antes. Eu sei que você muda, eu mudo, pessoas mudam o tempo todo. A diferença é que essa mudança pode ser pra melhor ou pra pior. Muitas mudaram e me decepcionaram. Ou será que elas sempre foram aquilo e eu nunca quis enxergar? Não dá pra saber, prefiro acreditar nas mutações.
Num dia eu posso matar a mocinha e tornar o vilão em herói da história. Num outro eu deixo tudo como está. E quando eu enjoar... troco de personagens.

Aprendendo

domingo, 3 de julho de 2011


Aprendi que eu não posso exigir o amor de ninguém, posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e ter paciência, para que a vida faça o resto. Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos. Que posso usar o meu charme por apenas 15 minutos, depois disso, preciso saber do que estou a falar . Eu aprendi... Que posso fazer algo num minuto e ter que responder por isso o resto da vida. Que por mais que se corte um pão em fatias, esse pão continua a ter duas faces, e o mesmo vale para tudo o que cortamos no nosso caminho. Aprendi... Que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e devo ter paciência. Mas, aprendi também, que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei. Aprendi que preciso escolher entre controlar os meus pensamentos ou ser controlado por eles. Que os heróis são pessoas que fazem o que acham que devem fazer naquele momento, independentemente do medo que sentem. Aprendi que perdoar exige muita prática. Que há muita gente que gosta de mim, mas não consegue expressar isso. Aprendi... Que nos momentos mais difíceis a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava que iria tentar piorar as coisas. Aprendi que posso ficar furioso, tenho direito de me irritar, mas não tenho o direito de ser cruel. Que jamais posso dizer a uma criança que os seus sonhos são impossíveis, pois seria uma tragédia para o mundo se eu conseguisse convencê-la disso. Eu aprendi... que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando, que eu tenho que me acostumar com isso. Que não é o bastante ser perdoado pelos outros, eu preciso de me perdoar primeiro. Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja a sofrer, o mundo não vai parar por causa disso. Eu aprendi... Que as circunstâncias de minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando sou adulto. Aprendi que numa briga eu preciso de escolher de que lado estou, mesmo quando não me quero envolver. Que, quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas não discutem não significa que elas se amem. Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão se machucar e eu também. Isso faz parte da vida. Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes. Aprendi também que diplomas na parede não me fazem mais respeitável ou mais sábia. Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério. E que amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos. Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre. Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.

Texto retirado daqui.

Conto sem fadas

terça-feira, 4 de janeiro de 2011


O herói desleal e uma princesa sem virtudes.
Uma idéia falsa e a má atitude.
Juntos no descaminho
- mais e mais distantes -
sozinhos.

Marcela Arlequinal

Feriu meu intelecto

sexta-feira, 30 de abril de 2010

-Certa vez teve uma inundação numa imensa floresta. O choro das nuvens que deveriam promover a vida desta vez anunciou a morte. Os grandes animais bateram em retirada fugindo do afogamento, deixando até os filhos para trás. Devastavam tudo o que estava à frente. Os animais menores seguiam seus rastros. De repente uma pequena andorinha, toda ensopada, apareceu na contramão procurando a quem salvar.

“As hienas viram a atitude da andorinha e ficaram admiradíssimas. Disseram: ‘você é louca! O que poderá fazer com um corpo tão frágil? ’. Os abutres bradaram: ‘Utópica! Veja se enxerga sua pequenez! ’. Por onde a frágil andorinha passava era ridicularizada. Mas, atenta, procurava alguém que pudesse resgatar. Suas asas batiam fatigadas, quando viu um filhote de beija-flor debatendo-se na água, quase se entregando. Apesar de nunca ter aprendido a mergulhar, ela se atirou na água com muito esforço pegou o diminuto pássaro pela asa esquerda. E bateu em retirada, carregando o filhote no bico.

“Ao retornar, encontrou outra hienas, que não tardaram a declarar: ‘Maluca! Está querendo ser heroína! ’. Mas não parou; muito fatigada, só descansou após deixar o pequeno beija flor em local seguro. Horas depois, encontrou as hienas embaixo de uma sombra. Fitando-as nos olhos, deu a sua resposta: ‘Só me sinto digna das minhas asas se eu as utilizar para fazer os outros voarem’.”

No momento seguinte, após uma inspiração profunda e penetrante, o vendedor de sonhos disse a mim e meus amigos:

-Há muitas hienas e abutres na sociedade. Não esperem muito dos grandes animais. Esperem deles, sim, incompreensões, rejeições, calúnias e necessidade doentia de poder. Não os chamo para serem grandes heróis, para terem seus feitos descritos nos anais da história, mas para serem pequenas andorinhas que sobrevoam anonimamente sociedade amando desconhecidos e fazendo por eles o que está ao seu alcance. Sejam dignos das suas asa. É na pequenez que se realizam os grandes atos.

Essa história ao mesmo tempo em que animou minha emoção, feriu meu intelecto. Pensei comigo: “Tenho de admitir que agi como hiena e abutre em muitos momentos da minha vida; gora preciso aprender a agir como uma insignificante e brava andorinha”.

[O Vendedor de Sonhos – Augusto Cury]

Ilária Oliveira. Tecnologia do Blogger.