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O silêncio que ecoa

segunda-feira, 29 de junho de 2015


Às vezes, me engasgo nas palavras que quero dizer. Quer preciso de dizer. Que prefiro calar. Assim, como quem quer tudo, mas aceita de bom grado o que o destino oferece. Que come pelas beiradas. Que vai sem pressa. E bem disse o poeta – que o silêncio era capaz de ser pleno. Em tudo. Até nas palavras que não dizemos. Que não gritamos. Que não proclamamos para si. Porque de nada adianta falar, gritar, quando o outro não quer ouvir. Entender. Aceitar. Às vezes, a gente diz muito mais quando se cala. Quando entende que a melhor coisa a se fazer, é não fazer nada. Esperar. Guardar energias para coisas realmente mais urgentes. Como, por exemplo, o agora. O que depende de mim. O que posso mudar. O que devo mudar. O que preciso mudar. Falar. Não só calar. Em tudo. Eu sei. A gente sabe. É que, vez ou outra, o melhor microfone para quem tem tudo entalado na garganta é o silêncio que ecoa. Que fala melhor que três livros em série. Você me entende.

Matheus Rocha

“Tudo tem sua hora”

sexta-feira, 5 de abril de 2013


Ô frase complicada de se engolir. Ô “expressãozinha” que entala na garganta.
É difícil calar o ansioso. Quase impossível sossegar um inquieto. O apressado tem urgência não por preguiça de planejar, mas pela dificuldade de lidar com aquilo que ainda se apresenta incerto.
Haja desenvoltura para interagir com o silêncio. Para arrumar ocupação nos intervalos eternos que se apresentam entre as conquistas. Distrair-se naquele espaço vazio que se instala quando estamos esperando por algo. Quando a única alternativa é parar. Pensar. Traçar.
Que não nos falte habilidade para desviar do vão que existe entre um sorriso e outro.

Fernanda Gaona

Calafrios

sexta-feira, 23 de julho de 2010


Aqui dentro

O nó na garganta aperta, palpita. A pedra vai pesando, aos poucos. As têmporas latejam, persistem. O estômago revira, pouco entendo. O ar que me falta, sufoca.
As verdades roçam suavemente pelo meu rosto. Pouco saberia dizer sobre as vontades que insistem, gritam e me tiram o sono. Se ninguém compreende o que falo vez após vez com os olhos fechados e os pés no chão, o que tenho a atestar?
Brevemente, posso enxergar as palavras pálidas que deslizam por entre a melodia. As palavras que se fizeram de canção tinham sentido? Não seria somente a intenção se fazendo presente nessas letras que nada explicam? É assim, em um baque, as notas se insinuam em meio ao ambiente ecoante e a falta de ar que inebria me atinge.
O soneto se fazia de dissonâncias confusas e harmonias inexplicáveis. A visão fica turva e as pernas já não sabem bem por aonde vão. O que seria essa vontade indescritível de simplesmente se deixar levar pelo descontentamento? As pessoas passam por mim e tudo fica assim, meio desbotado, um tanto blasé.

Lá fora

As mãos gélidas empalidecem cada vez mais, enquanto o vento bate na janela carmim. A expressão, quase cadavérica denota uma mudez quase intencional. Os meus olhares furtivos parecem sem propósito. Ninguém nota meu silêncio desesperado.

É só mais outro daqueles dias, inevitáveis, dias de marasmo.

[autor desconhecido, mas adaptado por mim]

Ilária Oliveira. Tecnologia do Blogger.